Postagens

O cinema com o olhar sobre a nova sociedade brasileira

Imagem
Dois grupos partidários se revezaram no poder nos últimos 15 anos e transformaram bruscamente o contexto político nacional, com a turbulenta guerra ideológica, que dividiu socialmente a população em dois extremos. E a arte, neste caso a sétima arte, com seu importante papel de demonstrar sensibilidade, com um olhar humanista adequado para a nova situação que nos encontramos, vem trazendo às telas obras primas que marcam este novo tempo, esta nova sociedade brasileira. É muito bom ver o cinema nacional produzindo obras importantes com grande fôlego, assumindo uma postura contundente e com forte apelo sobre a atual realidade cotidiana na qual estamos inseridos. Dois filmes me chamaram muito a atenção ao retratar a nova faceta do país. “Que Horas Ela Volta?” e o mais recente “Aquarius”. O primeiro, conta a história de uma aluna nordestina, que almejando chegar à universidade pública, muda-se para São Paulo e vai morar na casa dos patrões de sua mãe, o que gera situações inusitadas e

O 10 em desencanto

Imagem
Ganso viveu o ápice há mais de 10 anos A narrativa radiofônica propagava:   Belmiro, é a Vila. 10 é a camisa. A torcida grita seu nome, Paulo Henrique Ganso acena em retribuição. É o o Santos Futebol Clube, que entrega seu palco aos garotos da Vila mais famosa do mundo para encantar a torcida praiana. Em ritmo de discoteca. O alçapão alvinegro está em ebulição.  O 10 em questão é branco, alto, esguio, paraense, canhoto. A antítese física de Pelé. Similaridades com o maior da história só a camisa, o número dela, o estádio, a torcida, o clube...A mística do celeiro de craques santistas tinha uma nova leva.  Ganso chegou à Vila por intermédio de outro 10 que foi ídolo no mesmo clube; Giovanni. O ano era de 2000 e...10. Depois da geração Robinho e Diego de 2002, o raio caía novamente no mesmo lugar, só que desta vez ainda mais forte.  Conquistaram o Paulista, e a Copa do Brasil daquele ano e juntos chegaram à seleção.  Foi a equipe mais vitoriosa do Santos depois da "era Pelé". 

Um pequeno gesto e uma grande lição

Imagem
Em tempos tão sombrios é ainda mais justo e necessário demonstrar amor e afeto aos nossos semelhantes. Um garoto em situação de rua ganhou uma singela homenagem em comemoração à sua data.  Ele fez aniversário na terça-feira, 1° de Março, em São Paulo/SP. Samy Ferreira (@descansamy) foi a idealizadora do evento. Em seu perfil no Twitter, Samy contou: "Eduardo é um garoto em situação de rua que “mora” aqui na praça do lado da minha casa. A gente sempre bate um papo quando se encontra...e há um mês atrás ele veio me contar que faria aniversário (...) Eu falei: bora fazer uma festa? Ele topou... meio desacreditado mas Topou! Fiquei o mês todo falando pra ele que ele tinha que aparecer na festa dele...hoje não deu outra, ele deu as caras todo felizão! Foi um rolê bem simbólico, mas esse mlk merece demais passar visível aos olhos de todo mundo. Ele é incrível. Tanto que: Falei pra ele tirar o primeiro pedaço do bolo e fazer um pedido, ele fez em voz alta: “ser um lutador da vida”  É sob

A Feira e o Choro da General Glicério

Imagem
    Divulgação A Feira, aos sábados de manhã, na Rua General Glicério no bairro de Laranjeiras no Rio de Janeiro/RJ atrai tanto os moradores locais, quanto moradores de bairros adjacentes e até outros bairros. Trata-se de uma rua aconchegante, repleta de árvores, com prédios das décadas de 40 e 50. Consumir pastéis (diversos tipos de recheios) acompanhados de caldo de cana é uma deliciosa tradição. Um local onde as pessoas se conhecem e ali se encontram artistas, músicos, jornalistas, fotógrafos...É onde os amigos colocam a conversa em dia embalados pelo grupo de Choro Pixin Bodega e convidados.  A apresentação começa no fim da feira (xepa), por volta das 12h, no centro da praça.  Música de qualidade para quem busca um ambiente agradável, com conversa boa, acompanhadas por cervejas geladas (tem para todos os gostos), caipirinhas e outros drinks bastante convidativos.  Tal roda de choro, composta há cerca de 10 anos por músicos novos e experientes, foi destaque recentemente no jornal Ne

Pela Estrada de Ouro Fino.

Imagem
Documentário produzido para as rádios AM's em 2008. Um modesto registro da riquíssima música setaneja raiz.

Spike Lee: Beleza e Verdade

Imagem
Momento bastante propício para listar apenas dois, da vasta filmografia do engajado cineasta Spike Lee para entender melhor a história dos negros nos E.UA.  André Salgueiro MALCOLM X - 1992 ·         Ele foi engraxate, lavador de pratos, menino de ferrovia , entre outros subempregos . Ele perdeu o pai brutalmente assassinado. Ele ficou preso, muitos anos, viveu a vida bandida (tráfico de drogas e assaltos). Na prisão aproveitou seu tempo para devorar livros de linguística, história, geografia, sociologia,filosofia,literatura, atualidades.  Convertido ao Islã, o  impressionante autodidata teve apenas 12 anos para exercer sua incrível oratória e linguagem capazes de criar um grande ícone. Denzel Washington dá vida a esse personagem incrível da humanidade. As quase 3h30m de filme traz um resumo do que foi esse grande líder – 1992. ·                  A Pizzaria italiana no bairro nova-iorquino do Brooklin é um cenário casual para mostrar como peq

QUANTA INOCÊNCIA!

Imagem
Divulgação. Quanta inocência!  A condenação do ex-presidente Lula veio com um misto de esperança e decepção e me fez relembrar sua trajetória desde que chegou à presidência. Botei tudo na balança da moralidade e da ética e cheguei à conclusão de que infelizmente vivemos um retrocesso. Na campanha presidencial de 2002 enxerguei a justiça social caminhando por um horizonte promissor e real. Foi um momento em que o povo se sentiu mais parte deste país, tendo enfim um presidente metalúrgico, um legítimo representante das minorias. Logo criou o programa “Fome Zero”, em 2003, na tentativa de erradicar a fome. A iniciativa, uma substituição ao programa “Comunidade solidária”, coordenado pela ex- primeira dama e saudosa D. Ruth Cardoso garantiu ainda mais seu eleitorado. Lula mostrou astúcia e incorporou o “Fome Zero” ao famigerado programa “Bolsa família”, que agregou o “Bolsa escola”, criado em 2001, e ampliou-o, com o pagamento de mensalidades à população de baixa renda.

UM JEITO LIVRE DE EXPRESSAR

Imagem
André Miguel Texto publicado originalmente no jornal panorâmico em 2011. Ouvir música é um exercício, um passa tempo, é dançar e apreciar. A prendi cedo que canções despertam a memória, reativam principalmente as boas lembranças. Quando a sonoridade entra em conformidade com a letra, cria-se uma atmosfera factual que registra um mero momento, como se a música fosse a responsável pela arte final ao dar identidade e forma à lembrança em questão. A canção torna-se a chave da porta nostálgica. Os grandes filmes não seriam os mesmos sem as trilhas sonoras do cinema. Enfim, tem música para todos os gostos. Entre os gêneros musicais, o black music sempre me chamou a atenção pela sinceridade. É música feita com alma e protesto, devido às históricas injustiças cometidas contra a população negra. Contém elementos de lutas raciais e políticas, como o conteúdo do incrível What’s Going Gon (1971) , de Marvin Gaye, considerado pela crítica especializada, um dos maiores álbu

A trajetória de um capitão

Imagem
Foto: Moysés Tomazoli André Miguel Entrevista originalmente publicada na revista "You Mag" em 2010 Foto: Moysés Tomazoli e divulgação. A história do futebol brasileiro seria outra se o goleiro Zoff da seleção italiana não tivesse defendido um cabeceio certeiro no finzinho da partida que decretou a desclassificação do Brasil na Copa de 82, na Espanha, quando o placar anunciava 3 a 2 para a Itália, com os brasileiros precisando apenas de um empate. O franco favoritismo da seleção canarinho, dirigida pelo técnico Telê Santana, caía ali.            O autor do lance? José Oscar Bernardi, nascido e criado em Monte Sião – MG, zagueiro daquela seleção, considerada até hoje, como uma das melhores já vistas na história do esporte mais amado do planeta. Vinte e sete anos após a derrota, Oscar, que chegou a vestir a braçadeira de capitão daquele time, ainda recebe correspondências contendo fotos e reportagens veiculadas pela imprensa esportiva mundial, sobre o d

Lições do Futebol

Imagem
André Miguel T exto originalmente publicado na revista "You Mag" em 2010. Grande parte dos garotos brasileiros sonha um dia em se tornar jogadores de futebol. Escolha que exige talento, sorte, perseverança, personalidade, entre outros atributos necessários para o alcance da dimensão de tal êxito. Um sonho difícil, mas não impossível. Cafú, o capitão do penta, por exemplo, foi reprovado por várias vezes em peneiras de diversos clubes antes de se tornar o jogador que mais vezes vestiu a amarelinha. A sensação de derrota é algo inevitável para quem fica no meio do caminho; esbarra nas dificuldades naturais da caminhada que pode acabar cedo. Talvez este seja o momento da primeira grande frustração de quem está apenas começando a viver, contudo, o que se aprende nessa fase pode ser essencial para o resto da vida. Amizades são construídas em campinhos improvisados de terra, nas quadras esportivas, nos estádios municipais, nas escolinhas de futebol ou até mesmo na

Máfia e Cinema: uma combinação fascinante

Imagem
Coincidentemente, a "Cosa Nostra" surgiu naquela ilha quando observada no mapa parece estar sendo chutada pela bota que geograficamente faz a forma da Itália: a Sicília. Não se sabe ao certo, mas na versão do historiador americano Norman Lewis, em seu livro "A Máfia por Dentro", a confraria começou no século IX, quando os normandos dominaram os sarracenos, muçulmanos que viviam na Sicília. Sem terras, muitos deles tornaram-se servos e outros lavradores se refugiaram nas montanhas. A ação se deu, primeiramente, contra os dominadores da maior parte daquela região. Vandalismos com gados e plantações só eram sanados em acordo com os dissidentes, sempre prontos para negociar.  A integridade dos senhorios que, até então desconheciam tal capacidade de afronto, estava ameaçada. A alta rebeldia calculada não passava de um mero instrumento para a retomada do território. Iniciava-se, assim, a prática da frieza sorrateira, dominadora e introduzida por uma comunidade com

Sustentados pelo merecimento

Imagem
Uma mulher que muda bruscamente a vida de um homem. Situação corriqueira, mas que se torna original quando um romance tem a capacidade de superar obstáculos, não obstante a violência, pela necessidade de dar continuidade a uma bela e perigosa história de amor. Roteiro de Quentin Tarantino, com direção de Tony Scott - o mesmo de “Top Gun - Ases Indomáveis” - Amor à Queima Roupa (True Romance), lançado em 1993, conta a história do balconista Clarence, interpretado por Cristian Slater, que trabalha em uma loja de revistas em quadrinhos. Clarence é um sujeito solitário, meio nerd e fã de Elvis Presley (Val Kilmer), de quem recebe delirantes conselhos durante o filme. No dia de seu aniversário, ele conhece Alabama, vivida pela excelente Patrícia Arquette. Mesmo após descobrir que a moça foi mandada por seu patrão como presente de aniversário, ele se apaixona porque compartilham gostos: quadrinhos de super-heróis, filmes asiáticos de artes marciais e batata frita. Se conhecem no cinema e cas

Personagens entre o consumo e o combate

Imagem
O consumo desenfreado de drogas nos anos 70 mobilizou a divisão de narcóticos da polícia estadunidense. Agentes infiltrados convivendo com a nata da bandidagem compartilhavam até seringas com os junks mais sinistros do pedaço, no mais variado consumo de entorpecentes. Tática utilizada pelos cops para coibir o tráfico incessante naquele período, que gerou uma situação conflitante, onde o certo e o errado conviviam juntos, misturados. Uma ambiguidade fortemente retratada através do cinema em 1991. Agentes que não deixavam de ser viciados, mas que trabalhavam no combate ao mal que se instalava por lá. Dois policias navegam num drama, em um ambiente de total degradação e incertezas, vivendo numa atmosfera soturna entre o ideal profissional e o necessário habitat dos drogados, em dois universos de certa forma distintos: crime e profissão. “Rush - Uma Viagem ao Inferno”, dirigido por Lili Fini Zanuck, extrai a angústia de quem decide por intervir em um ambiente onde os fracos realmente não